domingo, 3 de junho de 2012


Tristeza encardida

  Pensar em falar de tristeza não é fácil. O que diabos você pensa quando olha alguém triste? Lembro que quando era menor (muito cheia de vida), agoniava-me só de olhar uma pessoa desanimada. Pensava: que tolice dessa pessoa ficar assim, vai adiantar alguma coisa? Ah, mas a vida parece fazer cagada com a nossa cara: eu finalmente caí nesse mar. E acredite, ele não tem peixe.
   Passar por uma experiência assim é, no mínimo, desagradabilíssimo. O quão encardida é essa sujeição de nossa inteligência e intelecto para uma coisinha de nada. Tristeza? O diabo a quatro que vou me curvar a ela! E, senhorzinho, você irá! E como irá!

   Ela vai chegar devagarzinho, como quem não quer nada. Algo dará errado, você ficará chateado. Seguirá em frente, algo dará errado novamente. Você ficará indignado, seguirá em frente. Algo dará errado outra vez, você ficará puto e desabará em algum refúgio.

OBS: O refúgio é normalmente um lugar nada a ver, em um momento aleatório, com um sentimento gostoso que te faz ter vontade de voltar. Pode ser em casa comendo um pão com café ou então uma tarde de caminhada em frente ao mar. Não interessa! Algo tolo que te deixará guardadinho e em segurança.

   No entanto, colega, se o seu refúgio não funcionar nas próximas vezes, aí sim começa o problema. Tudo vai desandar: sua comida não ficará boa, seus amigos estarão chatos e desinteressantes e a vida dos outros parece correr em maratona enquanto a sua anda estagnada. Aí sim que a coisa piora: você vai saber nitidamente que está parado. Não está evoluindo, crescendo, acrescentando! Nada! Zero! O infinito ao contrário!
   Que agonia crescente! Você olhará para o céu, com uma cara sofrida: “Meu Deus, e agora? Cadê meu animo?” Esse daí mesmo vai desaparecer. Animo não vai existir em seu vocabulário tristonho. Todos os dias parecerão iguais e os seus pés parecem ter correntes de tão ruim que a coisa se torna. O processo parece uma parábola daquelas bem exageradas. Quando finalmente chegar no seu limite de “putiação” e “inutilidade” consigo mesmo é que algo milagroso acontecerá.
OBS: O algo milagroso é basicamente o que te faz acordar para a vida. O estalar dos dedos, o sino da igreja, a lâmpada em cima da sua cabeça, o “rãm” do galã da novela mexicana, enfim! O seu findar do tormento. Pode ser um conselho amigo, uma palavra, uma imagem, uma ação, uma lembrança. Qualquer coisa!

   
Daí sim começa o seu ressurgimento ao estilo “I Will Survive”. Sua vida andará não como em uma maratona, mas como em Fórmula 1 mesmo. Vai fazer tanta coisa e se sentir tão bem consigo mesmo que até os seus amigos vão te achar um humano novamente. Com certeza, meu amigo, é a tempestade que você passou (deixou-te sem casa, sem carro, sem nada), mas que traz tudo em dobro depois. Hora de aproveitar!

Rafa Bernardino