sexta-feira, 2 de novembro de 2012


Retrovertido pensamento retroverso
De costas para o mundo, de mal com a vida, de bem com a verdade. Ser humano retrovertido?

        C abeça pensante. Que redundância. E tem cabeça que não pensa? Tem, sim senhor. O pensamento é a coisa mais maluca e inteligente que eu conheço. De onde já se viu alguém pensar uma coisa totalmente diferente da outra? Eu fiquei pensando e cheguei a conclusão que estou achando o oposto ao que você está pensando. Ou talvez pior, não tenha nada compatível com que você, sujeito que lê o texto, está matutando. A única coisa que nós dois concordamos é quanto ao número de gerúndios que possuem minhas frases. Errado?

   Em um desses episódios que deixa você, como dizem: “de cara” (ou para os mais engomados “de face”), foi tempos atrás em que precisava fazer algo. Comecemos juntos, sujeitinho que lê o texto: eu precisava fazer algo, mas sabia que uma pessoa não gostaria. A primeira coisa que você pensa é: o que posso fazer? Não deixarei de fazer pelo motivo que esta tal pessoa acredita. Pensamento individual. Você, eu, seu pai, sua avó (não, sua avó ainda pensa que deve acatar a decisão de alguém que considera “superior”. Ou não, talvez a sua bisavó, avós hoje são melhores que nós) acreditam em seus ideais e “só lamento” para quem não concorda, certo? Claro, tirando as pequenas ponderações e conversas que nunca levam a nada, geralmente os indivíduos, hoje, decidem suas coisas por si.

        Pois então, sujeitinho. Lá fui eu quebrar o coco para tentar achar uma forma de resolver a questão (você, estrangeiro, que lê isso: não leve ao pé da letra - se é que você sabe o que significa levar ao pé da letra, já que isto também é uma forma de expressão -, não fui quebrar coco nenhum. Pelo que me consta ainda não estou no trabalho braçal, apesar da minha profissão “derêderê” não fugir muito disto. Enfim, não vou quebrar coco e não leia isso como cocô. Acredito que são coisas bem diferentes também). Escolhi a verdade, nada mais que a verdade. Sabe o velho ditado que mentira tem perna curta? Então, se fosse mentira não estaria perpetuando até hoje, certo? Continuemos. Contei o tal fato para a pessoa e, leitor, você não imagina a reação... A reação da pessoa foi achar que eu estava mentindo. O ser humano é tão engraçado e descrente nos outros, que preferem desconfiar a acreditar que a realidade pode ser dizível.

- Então pai, vou na praça com dois amigos puxar uma cannabis.

- Claro meu filho, com certeza eu acredito. Você está mentindo.
---
- Então pai, vou na praça com dois amigos jogar uma canastra.

- Você acha que eu sou cego? Enganando seu pai desta forma? Você vai é se juntar com os maconheiros da rua. Não negue! Sua mãe está louca contigo!

        Retrovertido pensamento. Que cargas d’água alguém acredita na sinceridade hoje? Claro que não. O mundo está tão descrente e melado com uma superfície grudenta de mentiras simpáticas que falar a verdade na “cara dura” virou uma brincadeira. Com certeza a pessoa não vai acreditar se você disser a verdade límpida: tem “treta” nesse negócio. Não tem aquele ditado “quando a esmola é muita o santo desconfia”? Pois então. A esmola é a verdade. Ironia do destino, não? Vou te dar uma esmola, ser sofrido. Direi nada mais que a verdade. Mas e aí, que verdade? Se houvesse somente uma, não existiriam várias versões para o mesmo fato. Será?

Rafaela Bernardino
alguém por aí

domingo, 3 de junho de 2012


Tristeza encardida

  Pensar em falar de tristeza não é fácil. O que diabos você pensa quando olha alguém triste? Lembro que quando era menor (muito cheia de vida), agoniava-me só de olhar uma pessoa desanimada. Pensava: que tolice dessa pessoa ficar assim, vai adiantar alguma coisa? Ah, mas a vida parece fazer cagada com a nossa cara: eu finalmente caí nesse mar. E acredite, ele não tem peixe.
   Passar por uma experiência assim é, no mínimo, desagradabilíssimo. O quão encardida é essa sujeição de nossa inteligência e intelecto para uma coisinha de nada. Tristeza? O diabo a quatro que vou me curvar a ela! E, senhorzinho, você irá! E como irá!

   Ela vai chegar devagarzinho, como quem não quer nada. Algo dará errado, você ficará chateado. Seguirá em frente, algo dará errado novamente. Você ficará indignado, seguirá em frente. Algo dará errado outra vez, você ficará puto e desabará em algum refúgio.

OBS: O refúgio é normalmente um lugar nada a ver, em um momento aleatório, com um sentimento gostoso que te faz ter vontade de voltar. Pode ser em casa comendo um pão com café ou então uma tarde de caminhada em frente ao mar. Não interessa! Algo tolo que te deixará guardadinho e em segurança.

   No entanto, colega, se o seu refúgio não funcionar nas próximas vezes, aí sim começa o problema. Tudo vai desandar: sua comida não ficará boa, seus amigos estarão chatos e desinteressantes e a vida dos outros parece correr em maratona enquanto a sua anda estagnada. Aí sim que a coisa piora: você vai saber nitidamente que está parado. Não está evoluindo, crescendo, acrescentando! Nada! Zero! O infinito ao contrário!
   Que agonia crescente! Você olhará para o céu, com uma cara sofrida: “Meu Deus, e agora? Cadê meu animo?” Esse daí mesmo vai desaparecer. Animo não vai existir em seu vocabulário tristonho. Todos os dias parecerão iguais e os seus pés parecem ter correntes de tão ruim que a coisa se torna. O processo parece uma parábola daquelas bem exageradas. Quando finalmente chegar no seu limite de “putiação” e “inutilidade” consigo mesmo é que algo milagroso acontecerá.
OBS: O algo milagroso é basicamente o que te faz acordar para a vida. O estalar dos dedos, o sino da igreja, a lâmpada em cima da sua cabeça, o “rãm” do galã da novela mexicana, enfim! O seu findar do tormento. Pode ser um conselho amigo, uma palavra, uma imagem, uma ação, uma lembrança. Qualquer coisa!

   
Daí sim começa o seu ressurgimento ao estilo “I Will Survive”. Sua vida andará não como em uma maratona, mas como em Fórmula 1 mesmo. Vai fazer tanta coisa e se sentir tão bem consigo mesmo que até os seus amigos vão te achar um humano novamente. Com certeza, meu amigo, é a tempestade que você passou (deixou-te sem casa, sem carro, sem nada), mas que traz tudo em dobro depois. Hora de aproveitar!

Rafa Bernardino

segunda-feira, 12 de março de 2012

Tudo é nada e nada é tudo

Hoje eu resolvi voltar a postar. Mas resolvi também falar do nada. É, exatamente: nada. Vamos tratar sobre isso.
O que é nada pra você? Vazio? Silêncio? Branco? Peguei-me pensando nisso e nada apareceu. Que coincidência, não? Ontem vi um mendigo na rua e pensei: "Nossa, coitado, ele não tem nada." Mas quem é que disse que o tal cara não tem nada? Isso é um pouco subjetivo. Nada pode ser tudo para alguns.


      Conheci uma menina que dizia que o nada é tudo, e que tudo é nada. Juro que fiquei pensando a este respeito e apenas anos depois consegui compreender a filosofia. Universalmente consideramos o "tudo" ter: família, dinheiro, amigos, sucesso profissinal, beleza, saúde e por aí vai. Socialmente falando, se você não tem nada (como o mendigo), na verdade será o seu tudo. Porque será tudo o que pensará na sua vida. Todos os dias, quando acordar, será em exato a primeira coisa que o mendigo vai pensar: "Não tenho nada. Não tenho perspectivas. O que vou comer hoje?" Agora, se ao contrário, você tiver "tudo" na vida (tudo que a sociedade considera para ter uma vida plena), vai sentir que não tem nada. Nada de perspectivas diferentes, nada de emoções fortes, nada de amizades verdadeiras, nada de ousar, nada de sair por aí inventando moda. Nada. É, paradoxial.

   Então: Nada é tudo. Tudo é nada. Se você conquistar o nada (sim, para você chegar a ser assim, tem que se esforçar também), será o tudo que terá, tudo pode vir a partir do nada. Se você conquistar o tudo, não terá nada. O tudo pode vir do nada, mas o nada não poder vir do tudo. Pense sobre.

   O nada para minha pessoa é: não ter perspectivas e sonhos. Se você não tem sonhos, não tem futuro. Sonhos não são aquelas coisas grandiosas, perdidas e que provavelmente não se realizarão. Mas ao contrário, sonhos são aquelas pequenas coisas que você pensar em fazer, que não são tão difíceis e que degrau por degrau é alcansável. É isso que deixa um ser humano feliz. Poder realizar os pequenos e simples sonhos da vida. A vontade de pescar em um sábado de manhã, a vontade de comer brigadeiro no inverno. Qualquer besteira é o que nos faz feliz. Qualquer nada nos faz feliz.

Portanto, amigo, não se preocupe com ter tudo, se você conquistar a cada dia o nada, um dia, perceberá que tem tudo e nada ao mesmo tempo. A cada dia fazendo um "nada", terá uma vida de tudo.

Rafaela  Bernardino